Corte de 85% na Lei Aldir Blanc: um ataque direto ao coração da cultura brasileira
Hoje, recebi uma notícia que me atingiu profundamente: o Congresso Nacional aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 com um corte de 85% nos recursos destinados à Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), reduzindo o orçamento de R$ 3 bilhões para aproximadamente R$ 480 milhões.
Por Cleverson Schuengue Produtor cultural, artista, publicitário, marketeiro e diretor da Agência Quintal Criativo
3/21/20252 min read


Menos verba, menos arte. Menos arte, menos desenvolvimento humano.
A cultura é muito mais do que entretenimento. Ela forma identidade, educa, sensibiliza, dá propósito e transforma vidas. Reduzir drasticamente os recursos destinados à Lei Aldir Blanc é atacar a base do desenvolvimento social e intelectual de um povo.
O que está sendo tirado com esse corte?
🔸 Oficinas em comunidades periféricas.
🔸 Festivais que movimentam economia local.
🔸 Formações que revelam talentos invisibilizados.
🔸 Projetos que unem cultura à educação, saúde mental, cidadania e inclusão.
É como se nos dissessem que o Brasil não precisa mais se reconhecer em sua arte.
Retrocesso em um país que é potência cultural mundial
O Brasil é um dos países mais diversos culturalmente do planeta. A força das nossas tradições, ritmos, sotaques, culinárias e linguagens é algo que o mundo inteiro admira — mas que, internamente, ainda luta para ser valorizado como merece.
Um corte de 85% na Lei Aldir Blanc não é só um ajuste fiscal. É um retrocesso civilizatório.
Enquanto países desenvolvidos ampliam seus investimentos em cultura como estratégia de educação e bem-estar social, nós estamos desmontando uma política que ainda estava em construção, mas que já mostrava resultados incríveis em pequenas cidades, escolas públicas, grupos indígenas, comunidades quilombolas, coletivos artísticos, bibliotecas e centros culturais.
O que fica para quem vive da arte? Resistência. Mas até quando?
Como artista que vive há mais de 15 anos dessa paixão que é criar e conectar pessoas por meio da arte, sei bem como é difícil. E mesmo diante da dificuldade, a classe artística resiste, inventa, reinventa e segue lutando.
Mas até quando vamos lutar com o mínimo, ou pior, com o nada?
Até quando os produtores culturais terão que se desdobrar para garantir continuidade aos seus projetos enquanto enfrentam o desinteresse e o desprezo do próprio Estado?
Precisamos nos unir. Precisamos gritar. Precisamos lembrar: cultura é investimento, não despesa.
Não podemos aceitar calados. Precisamos dialogar com a sociedade, com as empresas, com o setor público. Precisamos mostrar, com dados, com histórias reais, com impactos tangíveis, que a cultura salva vidas, forma cidadãos e movimenta economias.
Se queremos um país mais justo, diverso, humano e criativo, não podemos deixar que a cultura morra sufocada por cortes e burocracias.
Na Agência Quintal Criativo, seguimos firmes em nosso propósito de valorizar cada projeto, cada artista, cada história. Mas precisamos de estrutura, precisamos de apoio, precisamos que a cultura seja tratada com a grandeza que ela tem.
Porque quando se corta cultura, o que sobra?