Entre Linhas e Tijolos: Como a Paisagem Urbana de Pinhais Inspira a Produção Cultural Local
Neste texto, Rafaela Giacon compartilha sua vivência como produtora cultural e urbanista ao observar os espaços de Pinhais com sensibilidade e inspiração. A matéria é um convite a enxergar a cidade como território vivo de cultura, memória e identidade.
E-BOOK ENTRE LINHAS E TIJOLOS
Rafaela Giacon
6/5/20254 min read


Morar em Pinhais sempre foi, para mim, uma experiência de descoberta. Quando cheguei aqui, há mais de cinco anos, tudo era novo — e, ao mesmo tempo, profundamente encantador. As árvores, os parques, as praças, a maneira como a cidade se organiza. O Bosque Municipal de Pinhais me marcou de imediato, principalmente por estar sempre decorado em datas comemorativas, o que demonstra um cuidado com a memória afetiva da população. O Parque das Águas também se tornou um dos meus refúgios — faço caminhadas por lá com meus cachorros e, mesmo depois de tanto tempo, ainda me surpreendo com a preservação daquele espaço.
Como designer de interiores e produtora cultural, tenho um olhar diferente sobre os lugares por onde passo. A minha formação em design de interiores e minha experiência com construção civil fazem com que eu preste atenção nas fachadas, nos muros descascados, nas marcas de uso e nas histórias que os espaços contam mesmo sem dizer uma palavra. E foi dessa mistura de percepção estética e sensibilidade cultural que nasceu o e-book Entre Linhas e Tijolos.
Um título que fala de mim — e de nós
O título do livro nasceu da união de duas dimensões que me atravessam: o pensamento e o espaço. As “linhas” representam o movimento da escrita, das ideias e da cultura — esse fluxo contínuo de inspiração, criação e reflexão. Já os “tijolos” são a parte física da cidade, a estrutura que sustenta memórias, encontros e expressões coletivas.
Escrever esse e-book foi, antes de tudo, uma forma de registrar o que sinto pela cidade e inspirar outras pessoas a enxergarem Pinhais com mais cuidado, com mais presença. A gente anda tão rápido, vive tão imersa na rotina, que acaba deixando de perceber os pequenos detalhes — o cheiro do pão fresco na panificadora da esquina, a luz da tarde refletindo na fachada de um prédio antigo, o som do parque ao final do dia. Tudo isso é parte da nossa paisagem urbana e, mais do que isso, parte da nossa memória cultural.
Os lugares que me inspiram
Entre tantos espaços que observei e vivi em Pinhais, alguns me atravessaram de maneira mais intensa. Os parques, claro, estão sempre no meu radar — mas o Centro Cultural de Pinhais tem um papel fundamental na formação da nossa identidade coletiva. É um lugar de aprendizado, de encontros e de trocas simbólicas. E o Ateliê Corbellini, com suas esculturas provocativas e seu ambiente artístico pulsante, é uma daquelas joias urbanas que traduzem a alma de uma cidade criativa.
Essa relação entre espaço e cultura está em tudo. O que a gente consome culturalmente — e o que produz também — tem tudo a ver com o ambiente em que vivemos. A arquitetura da cidade, os espaços públicos, os bairros, a circulação de pessoas e memórias… tudo isso influencia diretamente o jeito que criamos, nos expressamos e nos relacionamos com a arte.
Quando o cotidiano vira inspiração
Enquanto escrevia, algo especial aconteceu: comecei a admirar com mais calma os espaços por onde passo todos os dias. Aquela padaria da esquina, a casa de muro azul que sempre achei simpática, os detalhes da rua onde moro… detalhes que, até então, eu não tinha parado para observar com atenção. E isso se tornou uma das mensagens centrais do e-book: precisamos olhar mais de perto para o nosso cotidiano.
A cultura não está apenas nos grandes centros ou nos prédios históricos tombados. Ela também está nas janelas, nas fachadas, nas ruas, nos comércios locais, nos becos que carregam histórias — e nas pessoas que passam por eles diariamente.
Um processo coletivo, mesmo sendo pessoal
Apesar de ser um e-book, o processo foi coletivo. Conversei com vizinhos, colegas, outros produtores e artistas da cidade. Fiz uma pequena pesquisa online, em grupos do WhatsApp voltados para proponentes culturais, perguntando às pessoas quais lugares de Pinhais despertavam nelas sentimentos, memórias ou inspirações.
As respostas foram diversas, emocionantes, profundas. Teve gente falando sobre igrejas, sobre casas antigas, sobre avenidas movimentadas, sobre o silêncio de certas ruas. Essa troca me ajudou a entender que o livro não era só meu — ele era nosso.
Conexão com a Agência Quintal Criativo
Escrever esse e-book foi também um desdobramento do trabalho que venho realizando junto com o Cleverson na Agência Quintal Criativo. Aqui, a gente acredita no poder da cultura local, na força do audiovisual, e no impacto que projetos bem pensados podem ter na comunidade. O livro foi aprovado pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e representa um marco importante na nossa trajetória como proponentes culturais.
Aliás, essa experiência reforçou ainda mais o nosso compromisso em criar conteúdos acessíveis, sensíveis e que dialoguem diretamente com o território que habitamos. E é por isso que decidimos disponibilizá-lo gratuitamente, para que qualquer pessoa possa acessar e refletir junto com a gente.
Para quem escrevi esse livro?
Inicialmente, minha ideia era atingir os moradores de Pinhais — provocar neles o desejo de olhar para a cidade com mais carinho, mais respeito, mais pertencimento. Mas o que me surpreendeu foi a quantidade de pessoas de outras cidades que começaram a se interessar pelo conteúdo. Teve gente de Colombo, de São José dos Pinhais, dizendo que se identificou com o que escrevi.
Isso mostra que as reflexões sobre o espaço urbano e a cultura local são universais. Todo mundo, em algum momento, precisa se reconectar com o lugar onde vive. E a arte — seja por meio de um e-book, de um vídeo, de uma música — pode ser esse canal de reconexão.
Acesse, leia, compartilhe
Se você quiser ler o e-book Entre Linhas e Tijolos, ele está disponível gratuitamente pelo link que deixei no meu perfil do Instagram @rafagiaconf. É só acessar, baixar e mergulhar nessa jornada junto comigo.
Espero que esse material te provoque, te inspire e, principalmente, te faça desacelerar um pouco para perceber o quanto sua cidade tem a dizer.
Porque entre as linhas que escrevemos e os tijolos que sustentam nossa paisagem, existe uma história viva — e ela merece ser contada, sentida e preservada.
Abraços Culturais,
Rafaela Giacon Ferreira
Produtora Cultural e Idealizadora do e-book Entre Linhas e Tijolos
Agência Quintal Criativo
PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DA POLÍTICA NACIONAL ALDIR BLANC DE FOMENTO À CULTURA – PNAB, DO MINISTÉRIO DA CULTURA E DO GOVERNO FEDERAL, POR MEIO DO EDITAL Nº 043/2024 DA PREFEITURA MUNICIPAL DE PINHAIS.
TODAS AS INFORMAÇÕES CONSTANTES NESTA OBRA SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO AUTOR.