Identidade e Movimentos Sociais: A Cultura Como Arena de Disputa e Transformação

Hoje somos convocados a ver a cultura não apenas como expressão estética, mas como campo de batalha política. Com 10 anos no setor comercial, 10 anos em marketing audiovisual e 6 anos dedicado à produção cultural, sei que nosso ofício vai além de criar cenários: somos agentes ativos na construção de narrativas que podem romper barreiras e transformar realidades. Neste texto, converto conceitos de Sociologia da Cultura em reflexões práticas para quem quer usar a cultura como instrumento de mudança social.

IDENTIDADE E CULTURA

Cleverson

10/7/20252 min read

Identidade como Construção Social

Identidade não é dado de nascença, mas processo contínuo de negociação social. Globalização, redes digitais e migrações intensificaram debates sobre pertencimento coletivo. Em projetos como o documentário sobre a Vila Palmital, aprendi que cada voz – seja periférica, indígena ou neurodivergente – adiciona camadas de sentido ao nosso tecido cultural. Reconhecer múltiplas identidades é passo fundamental para produzir cultura inclusiva.

Movimentos Sociais e Transformação Cultural

Movimentos de negros, mulheres e LGBTQI+ não só lutam por direitos: ressignificam seus lugares no imaginário social. Quando produzi “Histórias em Cada Esquina”, acompanhei de perto como a arte das periferias redireciona olhares e expectativas. Estratégias de ressignificação – como a música de Elza Soares denunciando o racismo – mostram que a cultura é ferramenta de conscientização e resistência.

Movimento Negro

A força do Movimento Negro está na arte que denuncia e celebra identidades. Testemunhei, em debates e oficinas, como as narrativas negras resgatam memórias e empoderam jovens. É na cena cultural que afirmamos: nossa história importa e deve ser contada em nossas próprias vozes.

Feminismo

O lema “o pessoal é político” ecoa em cada nova obra dirigida por mulheres. Nas produções que coordenei, percebi como a interseccionalidade – mulheres negras enfrentando opressões cruzadas – exige projetos que reflitam essa complexidade. É preciso dar espaço e recursos para que essas narrativas floresçam com autonomia.

Identidade e Produção Cultural no Brasil

Nossa formação nacional trouxe hierarquias raciais que persistem no circuito cultural. Editais e espaços de poder ainda reproduzem sub-representação de artistas negros, indígenas e periféricos. Como produtor, entendo que políticas afirmativas (Lei 10.639/2003, Lei 11.645/2008) são ferramentas de reparação: não bastam no papel, devem ser acionadas em cada projeto, em cada programação.

Desafios Contemporâneos

Globalização traz tensões entre o local e o global. Projetos que desenvolvo em Pinhais buscam valorizar tradições e identidades locais sem perder conectividade com tendências mundiais. O equilíbrio está em usar redes digitais para amplificar vozes e, ao mesmo tempo, manter raízes vivas.

Conclusão

Identidade é campo de disputa: cada escolha de repertório, cada narrativa, é posicionamento político. Como produtores culturais, temos a responsabilidade de abrir espaços, promover diálogos interseccionais e criar narrativas que expandam possibilidades de existência. A cultura é arena de transformação social – e somos nós que definimos as regras do jogo.

Abraços culturais,