Inventário e Pesquisa sobre Patrimônio Cultural Material e Imaterial Local

Por Cleverson Schuengue Produtor cultural, artista e diretor da Agência Quintal Criativo Desde que me entendo por gente, Pinhais sempre foi meu lar. As ruas que percorri na infância, os muros onde pintei sonhos, as praças onde vi nascer pequenos movimentos culturais — tudo isso faz parte da minha formação enquanto cidadão e artista. Minha jornada com a arte começou cedo. Aos 18 anos, dei meus primeiros passos na música, depois fui abraçado pelo teatro, até que, naturalmente, cheguei ao cinema. A busca por me comunicar através da arte me levou ao curso de Publicidade e Marketing, onde percebi que cultura e estratégia não são opostos, mas aliados. Descobri que é possível (e necessário) comunicar com propósito, transformar ideias em ação e colocar a arte em diálogo com o território.

INVENTÁRIO E PESQUISA SOBRE PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E IMATERIAL LOCAL

Cleverson Schuengue

3/25/20253 min read

Quando pouco é tudo: o nascimento de um projeto necessário

Foi com essa inquietação que surgiu o projeto "Inventário e Pesquisa sobre Patrimônio Cultural Material e Imaterial Local", aprovado na Lei Aldir Blanc. A aprovação já foi um grande passo — mas a realidade é que o recurso disponibilizado foi muito modesto, especialmente se comparado ao tamanho e à complexidade do trabalho que envolve pesquisar, catalogar e preservar o patrimônio cultural de uma cidade inteira.

Mesmo assim, isso não nos impediu de colocar o projeto de pé. Pelo contrário. A escassez nos desafiou a buscar formas mais criativas, mais colaborativas e, acima de tudo, mais comprometidas com a qualidade e o impacto do que está sendo produzido.

O que estamos construindo aqui é uma base, uma semente. E temos certeza de que esse trabalho pode (e deve) crescer, com novas oportunidades, novos editais e com o apoio de quem entende que preservar memória é um ato de futuro.

Catalogar para preservar: mais do que números, são histórias

Iniciamos o processo de catalogação dos bens culturais materiais e imateriais de Pinhais. E isso vai muito além de registrar objetos — é uma escuta atenta, um mergulho profundo na identidade da cidade.

Estamos documentando utensílios, documentos históricos, tradições, ofícios, festas populares, expressões artísticas e práticas culturais que ajudam a contar quem somos.

Parte fundamental dessa pesquisa tem sido o contato direto com quem vive, cria e resiste através da cultura. Fizemos entrevistas com pessoas que são pilares da memória viva da cidade:

  • Representante dos povos indígenas: trouxe à tona a presença ancestral e a importância da oralidade.

  • Mestre de capoeira: falou sobre a capoeira como arte, resistência e educação.

  • Responsável pelo acervo municipal de Pinhais: apresentou documentos históricos guardados no Centro Cultural.

  • Integrante da escola de samba local: relatou a luta por espaço e a importância do carnaval como manifestação popular.

  • Escultor e artista plástico: refletiu sobre o papel da arte e os desafios da produção artística local.

  • Representante do CTG: compartilhou a influência da cultura sulista em Pinhais e a preservação de seus costumes.

Cada encontro foi revelador. Cada história ouvida reforçou o quanto a cultura de Pinhais é rica, pulsante e diversa.

Catalogar também é um ato político

Este projeto é também um gesto de resistência. Porque quando registramos nossa cultura, estamos reconhecendo saberes que muitas vezes foram marginalizados ou esquecidos.

Estamos dando nome, origem e valor àquilo que nos constitui como povo. E estamos fazendo isso com seriedade, com sensibilidade e com o desejo de que esse trabalho não pare por aqui.

Preservar o passado é construir o futuro

Nosso compromisso é registrar o agora para que o amanhã não esqueça de onde veio. Que as futuras gerações tenham acesso a tudo o que nos trouxe até aqui.

E mesmo com pouco recurso, seguimos firmes, porque entendemos que preservar a cultura é um investimento de longo prazo. Que vale cada esforço, cada conversa, cada página preenchida.

Você pode acompanhar o andamento desse projeto na série de 10 posts que vamos publicar no blog da Agência Quintal Criativo.

📽️ Todas as entrevistas realizadas ao longo do projeto foram gravadas e servirão de base para matérias mais aprofundadas que também serão publicadas no nosso blog. Cada uma delas irá explorar, em detalhe, os depoimentos, as vivências e os saberes compartilhados por esses guardiões da memória de Pinhais.

Se você mora em Pinhais e tem uma história, uma memória, um objeto ou uma tradição que precisa ser lembrada, fale com a gente. Esse projeto é feito por nós e para todos nós.

Imagem aérea em preto e branco do antigo autódromo localizado em Pinhais (PR), em uma época anterior à urbanização da cidade. A pista de corrida, ainda de terra batida, forma curvas amplas entre áreas de vegetação nativa e pinheiros característicos da região sul do Brasil. Ao fundo, nota-se uma paisagem rural, com poucos sinais de urbanização. A imagem compõe parte do projeto de pesquisa sobre o patrimônio cultural local. Na parte inferior, estão os logotipos da Política Nacional Aldir Blanc, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.