O Olhar do Produtor Cultural: Enxergando Oportunidades

Quem trabalha com cultura em território local sabe o desafio que é transformar espaço em cenário, rua em roteiro, esquina em oportunidade. Como produtora cultural, aprendi a ver a cidade como algo além de sua função prática. Cada muro, praça, fachada ou construção carrega um potencial imenso de narrativa, convivência e expressão.

Desde que comecei a atuar em Pinhais, me encantei com esse olhar. Foi caminhando pelas ruas do Centro, visitando o Bosque Municipal ou observando a rotina dos moradores no Parque das Águas que entendi: a cidade já é um palco. Falta, muitas vezes, só acender a luz.

Essa percepção foi uma das motivações que me levou a escrever o e-book Entre Linhas e Tijolos. Não se tratava apenas de registrar a paisagem urbana com sensibilidade, mas de mostrar como, por trás de cada espaço cotidiano, existe um universo de possibilidades culturais ainda inexploradas.

Como urbanista, eu sempre tive atenção à estrutura da cidade. Como produtora cultural, meu foco se ampliou para o que acontece dentro, fora e ao redor dessas estruturas. A arquitetura influencia o comportamento, o ritmo das ruas define o tipo de evento que pode florescer ali, os costumes locais apontam caminhos de escuta e criação.

Pinhais, com sua história jovem e sua gente diversa, tem me ensinado a encontrar sentido onde muitos só veem trânsito, concreto e rotina. O Centro Cultural, por exemplo, não é só um prédio. É um ponto de partida para ideias. É ali que oficinas acontecem, que jovens descobrem linguagens criativas, que a cultura se organiza. O Ateliê Corbellini não é só um espaço de escultura, mas um espaço simbólico de provocação, questionamento e arte viva.

Uma das grandes aprendizagens que trago nessa trajetória é que a cultura não se impõe. Ela brota. Mas para isso, precisa de solo fértil. O papel do produtor cultural, muitas vezes, é exatamente esse: preparar esse solo. Criar condições para que artistas floresçam, para que ideias se encontrem, para que o pertencimento se fortaleça.

Por isso, toda esquina de Pinhais me instiga. Toda rua larga, todo beco escondido, toda fachada antiga carrega a pergunta: o que pode nascer daqui? Que tipo de intervenção artística poderia revelar o valor desse lugar? Como posso conectar esse espaço ao público, ao jovem que ainda acha que cultura é algo distante ou elitizado?

Enxergar a cidade como produtora cultural é um exercício diário de imaginação e afeto. E também de estratégia. Porque não basta sonhar. É preciso entender as leis de incentivo, os editais, os processos de captação, o papel das parcerias institucionais. É preciso aprender a escrever projetos, prestar contas, formar equipe e dialogar com diferentes públicos.

Mas tudo começa com um olhar. Com a capacidade de ver na cidade mais do que ela parece. De ver que um coreto pode virar palco, que um muro pode virar mural, que um parque pode ser um centro de convivência, que um bairro pode ser protagonista de sua própria história.

Foi esse olhar que compartilhei no e-book. E é esse olhar que carrego em tudo o que faço na Agência Quintal Criativo. Porque não fazemos cultura para ser contemplada de longe. Fazemos cultura para ser vivida, sentida, debatida, modificada.

Se você também anda por Pinhais e sente que a cidade pulsa de possibilidades, te convido a acessar o material completo. Ele está disponível gratuitamente no link do meu Instagram @rafagiaconf, e eu ficarei muito feliz em saber que outras pessoas também estão olhando para a cidade com curiosidade e afeto.

Afinal, transformar a realidade local começa com um olhar. E cada olhar que se abre é uma nova chance de fazer a cultura acontecer.

Com carinho e abraços culturais,
Rafaela Giacon Ferreira
Produtora Cultural e Autora de Entre Linhas e Tijolos
Agência Quintal Criativo

PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DA POLÍTICA NACIONAL ALDIR BLANC DE FOMENTO À CULTURA – PNAB, DO MINISTÉRIO DA CULTURA E DO GOVERNO FEDERAL, POR MEIO DO EDITAL Nº 043/2024 DA PREFEITURA MUNICIPAL DE PINHAIS.
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