Patrimônio em Movimento: os primeiros resultados da pesquisa cultural em Pinhais

Por Cleverson Schuengue Artista, produtor cultural, publicitário e idealizador do projeto Quando iniciei o projeto de inventário e pesquisa sobre o patrimônio cultural material e imaterial de Pinhais, sabia que encontraria histórias. Mas o que encontrei foi muito mais: raízes vivas, tradições pulsando, e um território cheio de potência cultural ainda invisível para grande parte da população. Com o apoio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, conseguimos dar início a um processo que, mesmo com recursos modestos, foi conduzido com o máximo de cuidado, ética e respeito. E hoje, quero compartilhar com você os resultados preliminares dessa jornada, que mais do que um relatório, representa um retrato vivo de quem somos.

INVENTÁRIO E PESQUISA SOBRE PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E IMATERIAL LOCAL

Cleverson Schuengue

3/31/20253 min read

Um panorama do que já foi feito

Nesses últimos meses, percorri bairros, conversei com mestres de ofício, registrei bens históricos, fotografei espaços simbólicos e mergulhei em arquivos, documentos e falas que revelam a riqueza cultural de Pinhais — uma riqueza que, infelizmente, ainda é pouco valorizada.

Até aqui, catalogamos 26 bens materiais e 24 bens imateriais, incluindo igrejas, centros culturais, bosques, festas, práticas artesanais, rodas de capoeira, escolas de samba, feiras livres e muito mais.

Cada um desses bens foi descrito, localizado, fotografado e contextualizado dentro da sua relevância simbólica, histórica e social. A ficha técnica de cada item foi padronizada com informações como nome, categoria, estado de conservação, riscos identificados e responsável local.

O que temos agora é um diagnóstico sensível e técnico — que serve tanto para pesquisadores quanto para gestores, educadores e cidadãos comuns que desejem conhecer e proteger a história viva da cidade.

A importância da escuta e da presença

Uma das partes mais bonitas e potentes dessa pesquisa foi ouvir quem vive a cultura na pele. Fiz entrevistas com pessoas que são verdadeiros guardiões do patrimônio: representantes da escola de samba, do CTG, da capoeira, da comunidade indígena, do acervo histórico e do ateliê artístico Corbellini.

Essas falas não apenas ilustram os bens culturais — elas explicam por que eles existem, como surgiram e o que significam para quem os vive. A oralidade é um dos pilares da cultura imaterial, e foi respeitando esse saber ancestral que estruturamos boa parte do inventário.

Esses depoimentos serão tema de matérias mais aprofundadas aqui no blog, trazendo os bastidores de cada entrevista, com trechos das falas e registros sensíveis do nosso processo de campo.

Um preview do inventário

Para quem quiser um gostinho do que já foi catalogado, aqui vão alguns exemplos:

  • Bem Material: Igreja Nossa Senhora da Boa Esperança (1927), a primeira igreja da cidade, símbolo da fé e da memória coletiva de Pinhais.

  • Bem Imaterial: Saberes e fazeres da Feira Criarte, onde o artesanato se torna ponte entre gerações e território.

  • Bem Material: Estação Ferroviária da RVPSC, com mais de 80 anos de história, ligada ao crescimento urbano da região.

  • Bem Imaterial: Festival da Canção de Pinhais (FECAPI), que valoriza compositores locais e fortalece a música autoral da cidade.

O que ainda vem pela frente

A pesquisa já está em fase final de organização e revisão. A meta é que, até o dia 4 de abril, o relatório completo seja entregue com todos os registros sistematizados.

Mesmo com as limitações de agenda e acesso a alguns espaços em reforma ou restritos, conseguimos alcançar mais de 70% do total previsto para catalogação, o que já representa um avanço histórico para o município no que diz respeito à memória cultural organizada.

Além disso, vamos seguir publicando, aqui no blog da @agenciaquintalcriativo, conteúdos exclusivos, imagens de bastidores, análises e curiosidades sobre os bens culturais mapeados. A ideia é manter o material acessível e vivo — como deve ser todo projeto que nasce da escuta.

Conclusão

O que estamos entregando com essa pesquisa não é apenas um inventário técnico. É um convite à valorização da nossa própria história. É um passo importante para que, no futuro, possamos construir juntos um museu, um centro de memória, políticas públicas mais robustas — ou simplesmente um olhar mais afetuoso para o que já está aqui.

Sou artista porque amo contar histórias. E como produtor cultural, acredito que a maior história que podemos contar é a da nossa própria cidade.

Seguimos juntos — preservando, registrando e acreditando que a cultura de Pinhais merece muito mais.

🔗 Leia outras matérias da série especial sobre o projeto de pesquisa no blog da Agência Quintal Criativo:
👉 www.agenciaquintalcriativo.com.br

Imagem colorida de uma igreja localizada em área rural de Pinhais, cercada por árvores. A construção é simples, com fachada na cor verde-água, janelas arqueadas com grades pretas e detalhes em tijolo aparente e pedras decorativas. O telhado é de barro, com uma cruz de madeira no topo da entrada principal. A igreja está inserida em um gramado levemente inclinado, e transmite a presença de fé e religiosidade como parte do patrimônio cultural da cidade. Na parte inferior da imagem, estão os logotipos da Política Nacional Aldir Blanc, Ministério da Cultura e Governo Federal.Escreva seu texto aqui...