Revitalizando Espaços Públicos com Cultura: O Potencial de Pinhais e as Ferramentas da PNAB

Quando me sentei para escrever o e-book Entre Linhas e Tijolos, uma das perguntas que ecoava na minha cabeça era: como os espaços públicos influenciam na produção cultural local e como a cultura pode devolver vida a esses espaços? Essa inquietação foi surgindo a cada caminhada pelas ruas de Pinhais, cidade que hoje chamo de lar, e se aprofundando à medida que fui entendendo mais sobre as possibilidades oferecidas por políticas públicas como a PNAB.

Desde que me mudei para cá, há mais de cinco anos, Pinhais me acolheu com parques bem cuidados, áreas verdes vivas e espaços urbanos que, mesmo silenciosos, contam muitas histórias. E foi nesse cenário que comecei a olhar com mais sensibilidade para a cidade, enxergando cada praça, muro ou avenida como um palco possível para manifestações culturais, encontros, memórias e transformações.

Espaço público é lugar de pertencimento

Pinhais é uma cidade jovem, com apenas 32 anos de emancipação. Justamente por isso, ainda há muito espaço para construção simbólica. Os parques, praças, centros culturais e áreas de convivência são mais do que estruturas urbanas. Eles são pontos de identidade coletiva. São lugares onde nos encontramos, onde a memória se forma e onde a arte pode florescer com ainda mais potência.

Durante a escrita do e-book, entrei em contato com relatos de moradores que associavam lugares específicos da cidade a sentimentos, lembranças e até mudanças em suas vidas. Esse vínculo emocional com o espaço é o primeiro passo para compreendermos o impacto que ações culturais podem ter nesses locais.

Transformar um espaço público com arte não é apenas embelezar. É ativar sua função social. É fazer com que as pessoas se apropriem daquele espaço com consciência, afeto e protagonismo.

Cultura como ferramenta de revitalização

Sempre que passo pelo Bosque Municipal ou pelo Parque das Águas, me pergunto quantas intervenções culturais ainda poderíamos fazer ali. Um espetáculo teatral ao ar livre. Uma oficina de grafite para jovens. Um sarau com microfone aberto. Um circuito de cinema em bairros mais afastados.

A cultura tem essa capacidade de reocupar o espaço. De dar novos significados. De trazer para perto o que parecia distante. E quando esses espaços públicos recebem ações culturais, eles deixam de ser apenas “áreas de lazer” e se tornam verdadeiros centros de convivência, escuta e expressão.

Mas para que isso aconteça, precisamos de políticas públicas que apoiem essas ações. E foi exatamente aí que percebi o quanto a PNAB é uma ferramenta poderosa para esse tipo de transformação.

O que é a PNAB e por que ela é tão importante

A Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) é uma das iniciativas mais relevantes dos últimos anos no que diz respeito ao fortalecimento da cultura nos municípios. Ela descentraliza recursos, valoriza as produções locais e permite que ações culturais sejam realizadas por produtores e artistas que vivem a realidade de suas cidades.

Ao contrário de outros modelos, a PNAB reconhece a diversidade cultural do Brasil e propõe investimentos que respeitam os contextos regionais. Para cidades como Pinhais, isso significa incentivo direto para desenvolver projetos com identidade própria, voltados para os moradores da cidade e com impacto real nas comunidades.

Foi por meio da PNAB que consegui viabilizar a produção do e-book Entre Linhas e Tijolos. E a partir dessa experiência, percebi que ainda temos muito a explorar com esse recurso, especialmente quando se trata de ocupar os espaços públicos com cultura.

Projetos comunitários que transformam

Imagine oficinas de dança em uma quadra abandonada. Uma feira de economia criativa no estacionamento de um posto de saúde desativado. Uma galeria de arte a céu aberto em um muro de escola pública. Tudo isso é possível com incentivo adequado, planejamento e articulação com a comunidade.

A PNAB permite que artistas e produtores culturais sonhem e executem esse tipo de projeto. E mais do que isso, permite que a população participe, opinando, construindo junto, sentindo-se parte de algo maior.

O senso de pertencimento cresce quando a população vê que o espaço público é também seu, e que a arte pode fazer parte do cotidiano sem elitismos, sem barreiras, sem exigir roupas específicas ou conhecimento prévio. Apenas presença, troca e sensibilidade.

Os desafios e as potências em Pinhais

Claro que ainda enfrentamos desafios. A burocracia, mesmo com todos os avanços, ainda é uma barreira para muitos artistas que não têm formação técnica. A prestação de contas, por exemplo, exige organização e orientação que nem sempre estão disponíveis.

Mas vejo com alegria que Pinhais tem buscado caminhar junto com os artistas. O Centro Cultural, por exemplo, tem uma equipe acessível, que orienta, escuta e busca formas de facilitar o acesso à informação. Isso é essencial para que a PNAB e outras políticas cheguem a quem realmente está na base, criando, experimentando, movimentando a cidade com arte.

E vejo também que há uma geração de artistas jovens, inquietos, prontos para ocupar novos espaços com projetos potentes. Cabe a nós, como produtores e como comunidade, abrir caminhos, dividir conhecimentos e incentivar essa movimentação.

A agência como catalisadora de ideias

Na Agência Quintal Criativo, onde atuo ao lado de Cleverson Schuengue, temos como missão justamente isso: transformar ideias em ações culturais acessíveis e relevantes. Seja por meio de documentários, oficinas, consultorias ou ebooks como este, nosso foco é fomentar uma cultura viva, próxima da realidade das pessoas.

Acreditamos que todo projeto cultural tem o potencial de deixar um legado. Não apenas um produto final, mas uma transformação no entorno, no olhar, no modo de agir das pessoas envolvidas. E se esse projeto nasce dentro de um espaço público, ou se destina a ele, esse impacto se multiplica.

O que você pode fazer com a PNAB

Se você é artista, produtor ou alguém apaixonado por cultura, saiba que você também pode propor ações culturais com o apoio da PNAB. Diferente de programas voltados à infraestrutura, a PNAB não tem como foco a revitalização física de espaços públicos, mas sim o financiamento direto de projetos artísticos e culturais. Ou seja, ela oferece o aporte necessário para que você possa realizar sua obra, ação ou atividade em locais já existentes, promovendo a ocupação criativa e o fortalecimento do acesso à cultura.

O primeiro passo é identificar quais espaços da sua cidade podem acolher sua proposta artística. Em seguida, escute a comunidade. Que tipo de atividade faria sentido ali? Que público seria beneficiado? Como essa ação pode se integrar ao território e gerar impacto cultural real?

Com essas informações em mãos, você pode começar a planejar um projeto. E se tiver dúvidas, procure apoio. Na nossa agência, oferecemos consultoria para escrita de projetos e temos imenso prazer em ajudar novas ideias a saírem do papel.

A cultura é transformadora. E quando ela ocupa os espaços públicos, ela faz mais do que entreter. Ela cura, educa, conecta e constrói memórias.

Conclusão

Pinhais tem um potencial imenso de transformação cultural por meio dos seus espaços públicos. A cidade pulsa. Os artistas estão produzindo. E a população quer participar.

Com o apoio de políticas como a PNAB, temos hoje as ferramentas para fazer dessa transformação uma realidade. Basta sensibilidade, escuta e coragem para agir.

Escrevi este e-book com base naquilo que vi, vivi e senti nas ruas da cidade. E sigo acreditando que cada praça, cada parque, cada muro pode ser mais do que concreto. Pode ser poesia. Pode ser cultura. Pode ser vida pulsando em comunidade.

Abraços Culturais,
Rafaela Giacon Ferreira
Produtora Cultural, Fotógrafa e Autora de Entre Linhas e Tijolos
Agência Quintal Criativo

PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DA POLÍTICA NACIONAL ALDIR BLANC DE FOMENTO À CULTURA – PNAB, DO MINISTÉRIO DA CULTURA E DO GOVERNO FEDERAL, POR MEIO DO EDITAL Nº 043/2024 DA PREFEITURA MUNICIPAL DE PINHAIS.
TODAS AS INFORMAÇÕES CONSTANTES NESTA OBRA SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO AUTOR.